segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

É na simplicidade do caminho. . .


. . . que caminhamos pelo labirinto textual criado por Lygia. Sua narrativa nos conduz pela estrada sem nos perder, e nos instiga sem saciar nossa ansiedade por completo.
      Os leitores de 'Antes do baile verde' são, de certo modo, co-autores da obra. Lygia nos pega pela mão, mas vai aonde nossa imaginação permitir.

Delicioso passeio!! 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Antes de Lygia...


Antes de Lygia,

raramente, tinha lido e me visto em contos...
esporadicamente, tinha não entendido e gostado...
não muito frequentemente, tinha entendido e gostado...
dificilmente, me identificará com tanta peculiaridade...
pouquíssimas vezes, tinha me emocionado ao lembrar...

eu NUNCA tive tanta certeza de que é possível.

Antes do Baile Verde é um livro extraordinário.

Pontuo os contos: As pérolas e Natal na Barca

"Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E e sentia bem naquela solidão."

Foto: Manuela Lins

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

UM BAILE COM LYGIA: COLORIDOS PRA TODOS OS GOSTOS


Lygia Fagundes Telles: que escritora! Não é a toa que é membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa. Surpreendeu-me de fato.

Antes do Baile Verde é um grande livro. Me vi navegando em mares tortuosos e nunca navegados. Me vi limitada com meus desejos de conclusões, com meu apego à lógica, com minha saudosa intuição buscando o óbvio que não vinha. Enfim, desbravar as barreiras literárias tem sido o melhor desses cafés. E com Lígia, foi uma aventura adentrar nesse universo de dezoito contos com ópticas das mais variadas. Eu perguntava e ela dizia não. Eu mapeava possibilidades e ela embaralhava meu cérebro. Eu quis desistir e ela contava com graciosidade e não fui capaz de parar (ainda bem).

A Chave foi o que mais me fascinou, mas me surpreendi muito também com Venha ver o pôr do sol, Eu era mudo e só e com O menino. Me emocionei com Natal na barca. E gostei muito da retratação da relação de A ceia.

Um belo livro. Sem dúvida uma grande autora.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O CALEIDOSCÓPIO DE LYGIA

Lygia Fagundes Telles não escreve, simplesmente. Ela nos coloca diante de um absoluto desconhecido com situações do cotidiano. A autora conta de forma totalmente diversa, oblíqua e surpreendente os fatos comuns da vida. Geralmente são fatos que estão ali, bem diante do nosso nariz e nós só enxergamos como eles são na aparência. Mas a aparência é só o pretexto, só o pano de fundo que Lygia usa para levantar outras questões, profundas questões que nos apanham de surpresa quando descobrimos suas segundas intenções.
 
Lygia revolve a poeira psicológica que move essas questões. Mostra-nos o lado B das coisas. Mostra-nos o que não poderíamos ver senão através dos seus olhos. E os de Lygia enxergam maravilhas na simplicidade inofensiva da rotina, eles enxergam os escaninhos da alma humana. Lygia diz sem dizer, levando-nos a trazer para nosso íntimo todo o significado do dito que é sugerido nos seus contos. Como alguém pode ser tão perceptiva a ponto de transformar o trivial num pequeno caleidoscópio com lógica?

Cada conto do seu "Antes do Baile Verde" nos remete a uma gama de interpretações, de possibilidades. Basta ter olhos de ver com os olhos de Lygia. Ler "Antes do Baile verde" é, antes de tudo, permitir-se entrar em um labirinto cujo fio condutor é regido pela sensibilidade. Não nos perdemos nesse labirinto. Ao contrário, nos achamos. Ou melhor, somos achados. Achados por Lygia, pelo seu "ron-ron-ron" aparentemente despretensioso, como diz um estudioso da sua obra. E nesse processo de busca de significados nos seus contos ficamos estupefatos com o que podemos descobrir de nós mesmos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

BAILE VERDE NO PORTEÑO

O Grupo Café com Leitura precisou ser muito coerente no último sábado para não cometer injustiças ao ressaltar a riqueza literária dos contos reunidos em "Antes do Baile Verde", de Lygia Fagundes Telles. Glenda, Ana e Leusa reuniram-se no último sábado, dia 05, no Café Porteño, nos Aflitos, para realizar o que poderia ser comparado a um desafio à Medusa: analisar uma das obras de uma das escritoras mais consagradas da literatura brasileira. Conseguiram sair mais embevecidas ainda diante da clareza não-dita e surpreendente dos contos da autora.
As interpretações que as integrantes do grupo trocaram sobre os dezoito contos reunidos no livro foram singulares. Cada uma viveu a própria experiência arrebatadora de ser conduzida por Lygia nas histórias aparentemente corriqueiras. Aparentemente porque Lygia, nas linhas e entrelinhas do seu texto, sabe como nos conduzir ao fantástico mundo da imaginação, da nossa e da dela. Diante de "Antes do Baile Verde" não basta ler, mas sim exercer uma outra ação mais intimista com o texto. Relação essa que você também terá com certeza caso se permita ser guiada ou guiado pelas mãos de Lygia.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

DUAS MENINAS E UM AMOR


Karina Dias de fato me prendeu a atenção em uma leitura dinâmica de cerca de sete horas. Uma tarde pós trabalho, uma rede na varanda e um copo com água foram meus companheiros nessa aventura.

De fato a revisão, ou talvez a falta de revisão da editora Malagueta, chegaram a me irritar. Os erros de ortografia e de gramática chegaram a me tirar do sério. Não gosto de trabalhos mal feitos nesse sentido. Até porque, ao comprarmos um livros pagamos por um serviço (criatividade e transpiração do(a) autor(a), qualidade do papel, do designe, a revisão e por aí vai) e nesse caso faltou o trabalho do revisor.

Voltando ao trabalho de Karina Dias, reitero que o título me cativou durante as cerca de sete horas de leitura. Ela vai narrando e você vai viajando na trama, querendo devorar cada página pra saber da seguinte.

O formato de capítulos alternados de escritas com perspectivas de ambas protagonistas é uma pimentinha que ajuda a leitura a não ficar enfadonha.

Na verdade houve alguns momentos em que a leitura ficava um pouco monótona, com diálogos que aparentemente, se subtraídos não deixariam a trama com menor sabor.

Senti falta, obviamente, daquela perspectiva filosófica de alguns títulos, onde adentrando no espaço interior dos protagonistas, os autores filosofam e apimentam a leitura com perspectivas de mundo diferenciadas e mais ou menos profundas. Karina de certa forma não adentra nessa perspectiva (talvez intencionalmente) se limitando ao óbvio, ao mais superficial.

Eu particularmente fiquei atraída pela temática. Um romance de temática homossexual, que até pouco tempo eu pouco conhecia. Pra mim ainda é uma nova realidade na qual eu estou tateando.

Duas meninas. Duas realidades substancialmente díspares. Da monotonia de uma rotina ao perigo de uma vida de prostituta de infância traumática.

Achei fantástica a persistência de Duda. Acho que por contrastar e muito com a minha realidade de pouca disposição pra grandes desafios. Enfim, é uma história de amor. Gostei da abordagem social da realidade da família de Duda, da naturalidade com a qual a condição de homossexual dela, é aceita no seio familiar pelos irmãos, cunhada e especialmente pela mãe.

Espero que seja uma tendência essa temática se expandir na literatura, no entendimento de que nossa sociedade deve avançar rumo ao fim do preconceito e ao respeito ao amor em todas as suas formas.