sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um elenco fantástico

Um elenco fantástico. Um tema infelizmente pouquíssimo explorado. Pode deixar a sensação de falta, de que algo poderia ser diferente. As relações humanas são complexas demais para serem condensadas num filme só, imagina então uma relação entre duas mulheres! Põe complexidade nisso.

Gostei do filme de uma maneira geral, apesar de perceber algum excesso por parte da comédia quando tratou da vida sexual das personagens, Jules e Nicky. Lésbicas fazer sexo, é fato. E não precisam de pênis para isso. Achei a piada grosseira e desnecessária, mas faz parte, dá para relevar. Afinal um filme, americano que mostra a estória de duas mulheres que construíram uma vida, uma família juntas é um grande passo, quase uma chegada a lua.

A partir do momento em que a homossexualidade, principalmente a feminina, ganha espaço, saindo do âmbito de filmes eróticos onde alimentavam fantasias masculinas para comédias românticas, dramas, romances sem finais trágicos, podemos perceber que aos poucos, bem aos poucos, a sociedade vem caminhando para o reconhecimento de que a orientação sexual é apenas mais uma nuance do ser humano, e que gays são pessoas que amam, sentem, desejam, formam família como qualquer outro, e que sofrem com preconceitos estúpidos que os colocam como pessoas de segunda categoria, negando-lhes direitos civis e muitas vezes a sua própria existência, como vemos tantas e tantas vezes nas famosas novelas nacionais.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Minhas mães, meu pai e nosso vazio!



A família não convencional de Nic nem sentia que não estavam perfeitamente felizes. Havia ressentimentos, vazios e insatisfações para todos os lados. E o aparecimento de Paul, fez com que todos começassem a buscar a solução para seus "problemas". O amor, que após 20 anos de convivência, era demonstrado mais lentamente e em gestos simples, adormecia, e sobrou espaço para o egoísmo:


Joni e Laser passaram a gostar da ideia de conviver com um adulto mais leve, divertido e menos centralizador.



Jules  passou a entregar-se, sem esforço, ao novo olhar e ao novo prazer.


Paul, passou a cogitar a ideia de uma  vida nova com direito a mulher e filhos bem criados e prontos.



E, em meio a tudo isso, Nic só pensava numa forma de tirar Paul da vida de sua família para ela voltar a ter o controle da situação.


Trazendo para a realidade, fixando bem o pé no chão, concordaremos que todos tinham motivos que os fizeram caminhar naquelas direções. Refiro-me a todos mesmo, até a traição. Sei que não há justificativa, mas que há uma boa explicação, isso há.
E a traição (um dos pontos polêmicos no nosso encontro) foi essencial para que TODOS voltassem o foco para a família que estava desintegrando-se e enxergassem de fato o quê e quem era importante e essencial em suas vidas.
Não conheço quem chegou ao lugar certo sem caminhar em cima de seus erros.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CERTAS COISAS

Estou me despindo não da boa educação, mas sim da conveniência social em não dizer certas coisas. Também peço licença a todas as técnicas de crítica para afirmar, de uma posição bem pessoal e emocional, que achei:

* Que a traição foi a pior coisa que uma poderia fazer contra a outra;
* Que a traída tem que ser menos centralizadora;
* Que aquele garoto é um chato;
* Que a pós-adolescente tem tudo para ser a pessoa mais centrada daquela família;
* Que aquele cara se acha o RD, mas não passa de um homem sozinho, quase chegando à meia-idade e com medo de ficar encalhado;
* Que adorei o filme! Indica um monte de erros que a gente não deve cometer.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

GRANDE FAMÍLIA: COM AMOR TODA ELA PODE SER UMA

Duas mulheres, dois filhos, uma família normal. Trabalho, escola, jantares familiares, crises de adolescentes, amizades adolescentes...

Gostei muito do tom de normalidade dado ao filme pela diretora Lisa Cholodenko. Chega desses clichês e da importância das crises de casamentos gays, muitas vezes evidenciadas nos filmes da temática, dando grifo ao preconceito, às dificuldades, etc e deixando de lado a potencial normalidade que pode ser vivenciada na criação amorosa e estruturada de um filho por parceiros (as) do mesmo sexo.

O filme pra mim trouxe muitas questões, que ao meu ver acabaram não podendo ser aprofundadas diante de tantas questões que tratou: casamento gay, inseminação, criação de filhos, direito dos filhos de conhecerem os doadores... enfim... pra mim, qualquer um desses aspectos já daria pano pra manga pra fazer de cada um deles, um filme.

Mas Lisa foi ousada e dirigiu tudo direitinho. Fica apenas um gostinho de quero mais em relação a alguns aspectos.

A polêmica maior pra mim foi a da traição mesmo. Porque a parte emocionante foi quando a traição se configura, como o retrato da família fica nítido, como há sofrimento, como os filhos tomam partido, como tenta-se preservar o núcleo familiar. Tudo que estava sendo enfocado, perde a importância e a preservação do amor, da família, a ênfase na união dos quatro se torna a prioridade.

Muito gostoso de ver. Vale a pena refletir.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Vamos combinar?

Imagem: Google
Ser pai é uma coisa totalmente diferente de ser o doador do esperma. 

Família não é, nunca foi e nem será, aquela composta obrigatoriamente de pai, mãe e filho(s). 

Mais importante que ter um pai e uma mãe é ter respeito, limites e amor em casa. 

Ter pais heterossexuais não faz os filhos serem heterossexuais, logo ser filho de homossexuais não mudará a orientação do rebento.

A felicidade dos filhos não está relacionada a orientação sexual dos pais.

E a combinação (mãe, mãe e filho(s); pai, pai e filho(s); pai, mãe e filho(s)...) é o que menos importa!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um homossexual pode ser mãe/pai?


A partir do momento que decidimos ter filhos, começamos a adentrar em um mundo misterioso.

Não podemos prever como nada será. É diferente porque o casal é composto por pessoas do mesmo sexo? Por que? Os mistérios são os mesmos, nem mais, nem menos. Estaríamos privando esse futuro serzinho de um pai ou uma mãe por escolha? Também acredito que não, pois ser gay não é escolha. E o fato de ser gay impede de ser mãe/pai? Não, definitivamente não. O fato de uma futura criança nascer em uma família composta por duas pessoas do mesmo sexo não deve ser encarada como um pesar, como uma perda. "ahh essa criança perdeu a oportunidade na vida de ter uma pai (ou mãe, dependendo do casal)" Não, ele não "perdeu" a oportunidade, ele está vivo, bem cuidado, com carinho e com muito amor, essa é a melhor oportunidade de viver. Para mim, certas questões são mínimas diante da magnitude que é a vida. Se o futuro serzinho quiser saber as suas origens? Saberá. Mas isso trará algum vínculo afetivo? Dependerá de como ele(a) entenderá a vida, amores, cuidado, dependerá de como ele entenderá o que é ser FAMÍLIA. E ele(a), se tiver a sua família, mesmo que seja homoparental, bem estruturada, não sentirá buracos emocionais que precisem ser preenchidos por terceiros, alheios a tudo.
Bem, mas esse foi um dos pontos da discussão de sábado. Só que o fato de uma casal homoafetivo ter filhos não é nem questionado no filme. Mas foi questionado no encontro.
São muito os pontos que o filme levanta... esse foi o que me tocou.

Imagem retirada do Google.

domingo, 19 de dezembro de 2010

NO PETIT BISTROT

Começou com Glenda, que tirou Anna Flávia, que tirou Leusa, que tirou Ana Carla, que tirou Manu, que tirou Glenda e parou a corrente momentaneamente porque faltavam Bárbara e Lila e ambas se tiraram e tudo deu certo! Antes que você continue achando estranho esse texto, vou logo explicando que essa foi a ordem da nossa Amiga Secreta. Pois é. O último encontro do Grupo Café com Leitura de 2010 aconteceu no sábado dia 11, no Petit Bistrot, em Casa Forte, com sabor de confraternização e troca de presentes, símbolo de uma amizade e companheirismo que estão sendo construídos quinzenalmente de forma presencial, mas quase que diariamente com as nossas trocas de emails.

Mas não foi só congraçamento, não. O the end year meeting teve como discussão o filme “Minhas mães e meu pai”. A película conta a história de duas mulheres casadas que geraram, cada uma, um filho biológico cujo pai vem de um banco de sêmen. Polêmico? Sim, pela própria história, que nos levou a um questionamento: contar ou não para um filho quem é o seu pai em um caso como esse? Ele tem o direito de saber ou isso não importa já que a semente foi apenas uma semente e não um ser participante? Complicado? Assista ao filme e leia as nossas postagens, não importa em que ordem.

Aproveitando essa conversa, o Grupo Café com Leitura informa aos seus queridos leitores que voltará às atividades na segunda semana de janeiro, quando discutiremos outra obra. Até lá e boas festas de fim de ano!

Próximo encontro:
Dia: 08/01/11
Tema: Literatura
Livro: Aquele dia junto ao mar
Indicação: Anna Flávia

sábado, 11 de dezembro de 2010

Parece Mentira

Parece mentira

Em leituras seguidas

Falamos de preconceito

Seja gay, seja preto

As únicas coisas que ficam são

Hipocrisia e desrespeito

Com o direito que o outro tem de ser diferente.

Em qual escala cromática de pele deixamos de ser pretos para nos tornarmos brancos?

Num País que deveria, sim, se orgulhar por sua diversidade, onde a menina mais loirinha é negra, é desumano qualquer tipo de discriminação. Já que tantos fazem questão de tratar pessoas como cachorros ou gatos, aí vai: afinal, nesse País aqui alguém pode até parecer angorá ou persa, quem sabe siamês, mas no fundo o que somos mesmo é um bando de vira-latas da mais alta qualidade.

Somos muito mais africanos que europeus, na cor, no calor, no sabor, no ritmo e gingado, em tudo aquilo que nos orgulha dizer que somos brasileiros.

Para que se enganar? A Africa é nossa verdadeira mãe. Amém!


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma herança subestimada

Imagem: Google
O Brasil nasceu da nada amigável união entre a mãe África e o pai Portugal. O português foi pró-ativo, determinado. Pegou o primeiro bote e veio fazer fortuna do lado de cá. E, como não daria conta de tudo sozinho, optou pela mão-de-obra barata dos africanos. Obrigou nossa mãe a trabalhar em regime escravo em prol do benefício Português. Relação desequilibrada e desleal, que deixou ao nosso país uma herança de visão limitada e, por que não dizer burra, sobre a mãe que nos amamentou.
Não podemos negar a relevância das navegações, das 'descobertas', dos investimentos. Houve seu mérito. Porém, não devemos anular a contribuição dos que derramaram suor e sangue para que o Brasil chegasse onde está.
Estamos atrasados do horário de tirar a venda dos nossos olhos e entender que o continente africano não era nem é composto por países miseráveis e por escravos; enxergar que maior quantidade de melanina não significa inferioridade diante dos demais. Precisamos retirar os resquícios de uma visão de 500 anos atrás onde o homem, pelo simples fato de ser negro, era violentado nos aspectos físicos, sociais, culturais e carrega até os dias de hoje essa violência e esse sentimento de inferioridade.
Ainda há dúvida, medo e vergonha em algumas pessoas de admitirem sua descendência. As religiões africanas ainda são vistas como algo exótico e/ou engraçado. Às vezes, vira um hobby momentâneo. A cultura africana, muitas vezes vivenciada nas escolas, nos bairros, é tomada como algo brasileiro por simples falta de conhecimento dessa rica influência em nosso país.
Enfim, ainda há muitas barreiras para serem rompidas. Para isso existem as cotas (não entrarei no mérito), as leis obrigando o estudo da influência africana nas escolas e outras leis punindo atitudes racistas. Não é assim que funciona com a gente? Antes de curarmos a doença usamos uns paliativos. Um dia a cor da nossa pele será apenas um detalhe diante da complexidade do ser.

domingo, 5 de dezembro de 2010

É NA DIFERENÇA QUE PERCEBEMOS: SOMOS TODOS IGUAIS

Imagem: Google.
O que é ser diferente?
É não ser o mesmo?
É não ser igual ao outro?

E o que é ser igual?
É ser como os outros?
Ou ter na sua essência o que os outros têm?

Somos diferentes e iguais ao mesmo tempo
Diferentes porque temos nossas individualidades
Iguais porque temos as mesmas necessidades

Comer, viver, amar e ser amado
Morrer é uma consequência do viver
Da qual ninguém escapa

E vamos para o mesmo lugar