sábado, 25 de maio de 2013

Deus, o homem, a religião, o amor


Uma leitura inevitavelmente provocativa . Tratar do tema religião sempre me parece uma ousadia, de forma que passo a admirar previamente o autor, independentemente do conteúdo de suas linhas.

No princípio da leitura, não nego certa  má-vontade, quando da passagem do autor pela avaliação da influência de Marx e das ideias materialistas sobre a humanidade. Me pareceu que o autor tentava simplificar e minimizar a importância  das ideias marxistas sobre a humanidade. Mas superei esse desconforto inicial e segui adiante na leitura, pra conseguir ao final avaliar como muito positiva a ousadia do autor.

O passeio histórico que faz, ajuda o leitor a se situar e seguir junto a construção histórica do sentido de muita coisa da perspectiva da questão da religiosidade e das construções das próprias religiões e seu sentido na vida do homem.

A instigante provocação que faz sobre a construção histórica da humanidade e o caminho que a religião percorreu, tendo Deus se humanizado na vida do homem e o homem se divinizado com as mudanças de paradigmas e novos papéis sociais assumidos, foi um arrebatamento ousado e pragmático, que o autor constrói com certo pragmatismo.

Apesar de ser uma leitura um tanto quanto densa, pros leitores menos acostumados ás reflexões filosóficas (eu me enquadro nesse grupo), o autor consegue se fazer entender e oferta um produto interessante e provocativa pros que tem interesse sobre o tema.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O Homem Deus



Essa é a segunda temporada do Café com Leitura que tenho o privilégio de participar. Pensei sobre qual livro indicar e acabei por escolher um que queria ler já fazia algum tempo, "O Homem-Deus" do Luc Ferry.

Nosso encontro foi no sábado, dia 04/05 e estivemos presente eu, +Ana Carla e +Glenda. Como sempre, é delicioso encontrar as amigas para conversar sobre o que estamos lendo. O encontro foi super tranquilo e começou meio despretensioso, falamos de muitas coisas até chegarmos no livro. Levantei alguns pontos que julguei que mereciam uma discussão. Ana Carla também colocou suas ideias, a partir do livro, demonstrando que tinha apreciado a leitura e Glenda fez algumas associações interessantes a partir sobretudo do início do livro.

Os posts que nascerão desse livro MERECEM nossa visita!!


Próximo encontro: 01/06
Título: Vidas Secas - Graciliano Ramos

Indicação: Glenda Carla

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O Capibaribe de João Cabral: poesia inteligente do poeta engenheiro



Aos 32 anos de idade não posso, nem devo, me dar ao luxo de ficar me envergonhando por minhas verdades. Ler João Cabral de Melo Neto até então era uma aventura da qual eu ainda não tinha decidido participar.

Nos tempos surubinenses de Colégio do Amparo e Marista Pio XII o nível de estímulo para leituras em minha vida, quase se aproximava de zero. Falo tanto de incentivos e referências domésticas, quanto didático-pedagógicos. Lia o que “dava na telha” e nem sempre a telha ofertava algo de útil.

Tive sorte de ao menos gostar de ler. Claro que o lamento é pelo tempo que perdi com algumas pérolas reprováveis, entretanto, foram essas mesmas leituras que também ajudaram a me construir enquanto ser humano, que me ajudaram a ser quem sou, afinal como diria Ana Carolina “... nem o erro é desperdício, tudo cresce...”

A leitura de O Rio foi um “auto-presente”. Me favoreceu muito a temática do Capibaribe que hoje muito me tem chamado a atenção pela pauta estadual de navegabilidade do mesmo. Eduardo Campos bancando um estudo necessário de implementar rotas alternativas pro transporte público, tem cometido o pecado de fazê-lo de maneira amadora e irresponsável. Em suma, vão dragar o Capibaribe em profundidade suficiente que irá superficializar os grandes depósitos de metal pesado que dormem a longos anos em camadas profundas, provenientes da tamanha poluição acumulada ao longo dos anos.

Então ao saber desse lançamento não tive como não querer muito unir o útil ao agradável: ler pela primeira vez João Cabral de Melo Neto e ter a oportunidade de saber de suas perspectivas sobre o Capibaribe.

Dito isto só me restam agora os elogios. Livro lindo! Poesia peculiar, que emociona com a beleza com a qual ele trabalha as palavras, ilustrando-as, dando contornos e perspectivas bem próprios. Provoca o leitor, a sabedoria do homem, cidadão e poeta que, em profundidade, aborda perspectivas diversas sobre um mesmo tema, sem se tornar cansativo ou repetitivo.

Impossível não registrar com ênfase a emoção de reler (dessa vez por inteiro) Morte e Vida Severina. Muito bom descobrir (mesmo que tardiamente) um autor recifense de tão alto gabarito e maestria. E satisfeita por perceber e reconhecer que a temática da importância do Capibaribe pro nosso estado, apesar de pouco pautada pelos artistas, intelectuais e políticos da atualidade foi profundamente avaliada por um grande homem das letras pernambucanas.

O Rio foi mais que um achado meio que ao acaso, foi uma leitura prazerosa, uma descoberta, uma oportunidade bem feliz de conhecer e compartilhar um pouco da sábia e perspicaz poesia de João Cabral de Melo Neto. Gosto de quero mais!