quinta-feira, 26 de julho de 2012

Veias abertas, corações dilacerados

Não era falácia dos professores de história quando nos diziam que devemos conhecer o passado, para entender o presente e refletir sobre o futuro. Reforçando esse argumento de forma poética e sábia, Galeano nos presenteou com seu livro 'As veias abertas da América Latina'.

Nessa obra, ele nos mostra que os países latino-americanos, mesmo tendo diferentes colonizadores, tiveram suas riquezas utilizadas para um único objetivo: servir as potências. Ele afirma que "Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a  prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos.

Foi nessa onda de submissão e exploração que crescemos e nos tornamos uma nação que eu classificaria como "pobre menina rica". Aqui a miséria e o luxo são vizinhas de bairro. E a nossa riqueza, que ainda vive concentrada, entope as veias e as mentes do povo, abrindo espaço para o desenvolvimento de outros países as custas de sangue e suor.



terça-feira, 24 de julho de 2012

Riquesa e pobresa: faces de um mesmo enredo latino


Exploração insessante da cana de açúcar, do ouro, da prata e de outros metais preciosos; extermínio de civilizações indígenas; tráfico e escravidão genocida de africanos: receita fácil para a impulsão decisiva do desenvolvimento da Holanda, França, Inglaterra e Estados Unidos.

O Brasil e a América Latina teriam "tido o azar" de serem ricos por natureza. A teórica "falta de sorte" do solo norte-americano, se converteu em aliado que permitiu que seus colonos, diante da improdutividade das terras recém-descobertas, um pouco mais a frente, dessem "carta branca" para que a "pobre terra estadunidense" pudesse tentar avançar a construção de sua nação através da industrialização.

O mesmo destino não teriam as terras latinas, que ricas em metais e com solo fértil só precisariam de mão de obra barata para ser explorada até o último ceitil. Desde a prata de Potosi até o ouro de Minas Gerais, as terras latina americanas financiaram o crescimento de diversos países europeus, em especial Holanda, França e Inglaterra.

Espanha e Portugal, teriam sido meras pontes do desenvolvimento dessas nações. Exlorando as terras recém-descobertas, para quase apenas, pagarem dívidas com tais países. Não chegando nunca a usufruir de fato, do produto do estrago/expoliação histórica que causaram aos países nascituros americanos.

Somente com ele, Galeano, visualizo essa possibilidade ousada de escrita. Trazer a história pro papel, de maneira leve e com sua linguagem característica. Com a propriedade e a ousadia de quem é um profundo conhecedor das mazelas da zona latina do novo continente.

Galeano além de um incansável estudioso, é um profundo apaixonado pela sua terra e um entuasta da idéia da Grande Pátria Latino Americana. Trás com entusiasmo histórias dos grandes nomes que sonharam na libertação real do nosso continente, dos grandes nomes Tupac Amaru, Juan Velasco Alvarado, José Morelos, José Artigas, Augusto Cesar Sandino, Emiliano Zapata, Simon Bolivar entre outros. Faz avaliação de conjuntura e arrisca prognósticos ousados pro futuro.

Apesar de muitas informações de As veias abertas da América Latina, já estarem superadas, o livro é rico demais. Um puxão de orelhas, um pisca alerta pra reflexão acerca da realidade. Um convite à saída do marasmo aceitacional no qual aparentemente estamos mergulhados.

Discutir a realidade atual, olhando pro umbigo e meramente pra conjuntura atual, é cair no perigoso caminho do convencimento fácil que o discurso liberal trás pra quem quiser caminho fácil.

Galeano propõe avaliar o verdadeiro "buraco" dos fatos, donde tudo nasceu. Propõe que diante do que temos vivenciado, como produto do atual sistema de produção e de relações sociais e internacionais, que consigamos, ainda em tempo, ter clareza de que nós vivenciamos em nosso dia a dia, apenas um mero desdobramento da expoliação sofrida no passado enquanto nação. Expoliação essa que serve hoje para que sociedades ricas possam usufruir através do "estado de bem estar social".

Galeano acredita na construção da Grande Pátria e na verdadeira libertação da América Latina.

As veias abertas da América Latina é um livro pra ser lido e pensado por todos os povos latino-americanos.

domingo, 1 de julho de 2012

Dissecando as veias com Galeano, no Café Jaqueira

No sábado 30 de junho, o CCL se reuniu novamente para mais uma missão. Dessa vez quem estava em pauta era o autor uruguaio Eduardo Galeano e o título escolhido foi “As veias abertas da América Latina”.

O local escolhido para discussão foi o Café Jaqueira que recebeu Ana Carla, Glenda Carla e Martha Perusi, para discussão do título. O encontro contou ainda com a participação de Albérico Figueiroa, Kleison Lima, Manuela Duque, Pérola França e Viviane Lima. A ocasião foi especial por contar com a oficialização dos novos membros efetivos do CCL. A partir do próximo encontro, Albérico Figueiroa e Pérola França se somarão às demais membros do grupo.

Em clima descontraído o livro foi analisado e o tema foi amplamente discutido por todos os presentes, que contextualizando com a realidade atual, puderam fazer analogias e reflexões acerca da situação atual de desenvolvimento do continente americano, fazendo uma avaliação dos motivos causais de tanta desigualdade entre o novo e o velho mundo, assim como o norte e o sul da América.

Na sequência, teremos as impressões sobre o livro.

Próximo encontro: 28/07/2012
Horário: 16 horas
Título: Era meu esse rosto de Márcia Tíburi