quarta-feira, 27 de julho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

Phoebe e Alice...



O livro já havia sido lido há tempo, muito tempo. 
Ao relê-lo emergiu uma velha sensação, não sabemos quem somos.
Alice não sabia, nem se importava.





O diretor, Daniel Barnz, conseguiu com excelência retratar o livro de  Carroll. 
Ele faz um excelente paralelo entre Alice e Phoebe, uma não é a outra, mas elas se entrelaçam. E simplesmente são, sem justificativas, SÃO.




Diante de tanta falta de compreensão, um adulto, sua professora de Artes Dramáticas, reconheceu, compreendeu e acolheu Phoebe.
"Em um certo momento da sua vida, provavelmente quando a maior parte dela já tiver passado, você vai abrir seus olhos e ver quem você realmente é, especialmente por tudo que a tornou tão diferente de todos os horríveis normais. E você vai dizer para você mesma: "Mas eu sou essa pessoa."


terça-feira, 7 de junho de 2011

No lindo mundo da imaginação de Phoebe


Realidade e fantasia confundem-se no fantástico mundo de Phoebe.
A escola, os colegas, e até mesmo a família não estão preparados para lidar com sua situação. E a "solução" aparece na arte, no teatro, no país das maravilhas de Alice.


- "Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?"
- "Isso depende bastante de onde você quer chegar", disse o Gato.
- "O lugar não me importa muito...", disse Alice.
- "Então não importa que caminho você vai tomar", disse o Gato."
- ... desde que eu chegue a algum lugar", acrescentou Alice em forma de explicação.
- "Oh, você vai certamente chegar a algum lugar", disse o Gato.. "se caminhar bastante"...

(Alice no país das maravilhas - Lewis Carroll)


sexta-feira, 3 de junho de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Um café no país das maravilhas




O grupo Café com leitura reuniu-se no último dia 30 para a discussão sobre o filme A menina no país das maravilhas e do livro Alice no país das maravilhas. Infelizmente, o encontro não ocorreu no café planejado. Improvisaram o encontro num café pequenininho chamado Grão Espresso que fica localizado dentro de um supermercado.
Café aconchegante, poucas integrantes, foi assim que se deu o encontro. E o passeio entre a história de Alice e de Phoebe convergeram para o mesmo ponto: inquietude. Ambas queriam saber sempre mais sobre si e, consequentemente, sobre o outro. E não é fácil ser inquieto, nem na ficção.
Em breve, as interpretações sobre a viagem ao mundo das maravilhas serão expostas.
A todos um bom passeio!

Para o próximo encontro:
Tema: literatura
Livro: O conto da ilha desconhecida - José Saramago
Indicação de Lila.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Laços eternos


Independente de como as encontramos, se por acaso, se combinado, se escolhido. Os laços maternos não se rompem. Os ensinamentos maternos não se perdem.
E, dificilmente não faremos algo bem parecido ou idêntico aquilo que nelas criticamos. 

terça-feira, 26 de abril de 2011

O clube da Felicidade e da Sorte


Oito mulheres. 
Duas gerações.

Quatro mães. Quatro filhas. 

Oito histórias.
Duas pátrias.

Uma esperança.

Liberdade.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O que é nosso?


Diante de histórias impressionantes a que me tocou de uma maneira marcante foi a de An-Mei e Rose, mãe e filha que trouxeram em si a semente de uma geração, apesar da enorme distância entre elas.

Doar-se demais é não se dar o devido valor, temos que nos colocar. Temos que ser em um relacionamento. Isso é o que nos faz chamarmos de RELACIONAMENTO.  Tem que existir dois. A passividade faz com que a relação vire um monólogo, e ninguém quer relacionar-se para se sentir único.
Essa parte do filme retrata bem isso:

Você é como minha mãe. Nunca sabe o seu próprio valor. Até que seja tarde demais.
Imagem: Google
Eu lhe conto essa história porque fui criada à maneira chinesa. Foi-me ensinado a nunca desejar nada, engolir miséria alheia e para absorver minhas próprias amarguras. E apesar de eu ter ensinado a minha filha o oposto, ainda assim ela se tornou do mesmo modo. Talvez porque ela seja minha filha, uma menina. E eu sou filha da minha mãe e nasci uma menina. Todas nós como degraus de uma escada, uma após a outra, degrau acima, degrau abaixo, mas no final indo para o mesmo caminho.
Mas, não, assim não pode ser. Isso que você faz, é não saber o seu valor próprio. Isso não começou com você.
An-Mei falando para a sua filha Rose

sexta-feira, 15 de abril de 2011

[...]

Um cisne era um pato que esticou seu pescoço na esperança de se tornar um ganso, e agora veja - ficou muito bonito para se comer”. 

De O clube da felicidade e da sorte.

domingo, 10 de abril de 2011

O Clube no Faultless

Foto: Anna Flávia

O Grupo Café com Leitura se reuniu no último sábado com todas as integrantes presentes. O encontro ocorreu no Café Faultless em Boa Viagem. Depois de uma saga para encontrar um lugar legal, finalmente achamos. Em um ambiente muito agradável, discutimos sobre o filme “O Clube da Felicidade e da Sorte” do diretor Wayne Wang, baseado no livro homônimo da autora Amy Tan. Uma discussão coordenada por Bárbara, que indicou o filme. Todas concordaram que o filme é muito intenso. Com uma narração singular, na qual histórias se entrelaçam e emocionam, nós nos colocamos diante de diversos sentimentos. Umas falando mais e outras quase nada, ou nada, mas todas se colocaram. E certamente se emocionaram, e se enxergaram, em alguma das histórias relatadas no filme.
Foi intenso. Foi verdadeiro. Foi inteiro.
De verdade, foi um encontro.



Próximo encontro: Dia: 30/04/11
Tema: Cinema e Literatura
Livro: o filme "A menina no país das maravilhas" de Daniel Barnz e o livro "Alice no país das maravilhas" de Lewis Carroll
Indicação: Glenda

sábado, 2 de abril de 2011

E essa tal felicidade?

Imagem: Google
A pergunta que ficou depois da leitura... Felicidade conjugal existe?

Bem felicidade é um momento efêmero valorizado.
O que conta é a valorização.
Por muito tempo Macha valorizou aquela felicidade que ela julgará ser a única existente. Nesse caso a valorização lhe trouxe tristeza, pois não mais a tinha, se instalou a melancolia. Mas depois de uma catarse, ela percebe que a felicidade sempre estará ali, basta valorizá-la.

Porque não somos sempre felizes? 

Não sabemos valorizar o que nos faz bem?

Bem... o texto é muito bom. 
Leve e tranquilo! 
Diferente do meu pré-conceito com escritores russos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Felicidade se conjuga?



Definitivamente não. Felicidade é substância abstrata que sentimos sozinho. Compartilhamos nosso bom humor, nosso brilho, nossa empolgação, mas o que sentimos, só nós sabemos. O casal não consegue unir sua felicidade, entretanto compartilham (talvez pra sempre) tudo que é consequência da presença ou da ausência desse estado de graça dentro de si.
Lemos tantos contos de fadas enquanto somos criança, mas só depois de adulto alcançamos o entendimento da expressão "e viveram felizes para sempre..." E, nesta obra, Tolstói o traduziu perfeitamente com este trecho:

"A partir daquele dia, terminou meu romance com meu marido. O antigo sentimento tornou-se uma recordação preciosa, mas impossível de renascer. Um novo sentimento de amor aos meus filhos e ao pai deles, deu início a uma nova vida feliz, mas diferente, que ainda estou começando a viver."
(Tolstói - A felicidade conjugal)  


domingo, 27 de março de 2011

Café caseiro


Foto: Manuela Lins
O último encontro ocorreu, pela primeira vez, não num café, mas na casa de Manu, Bá e Anna. Chance de conferir a barista que existe dentro das CCListas! A encarregada, nesta oportunidade, foi Manu... bom, eu fiquei bastante satisfeita com meu capuccino.
A obra desta semana foi Felicidade Conjugal, de Tolstói. Literatura russa foi novidade para todas... e nos surpreendeu. Creio que falo pelo grupo presente ao afirmar que não esperava por uma mulher como narradora, e a delicadeza com que os sentimentos femininos foram expostos. Maiores detalhes nos textos a serem publicados em seguida...

Aproveitando o aconchego proporcionado pelo local, discutimos também questões práticas sobre o grupo. Ajustes necessários para a continuidade da proposta do CCL. Após avaliar algumas dificuldades, concordamos em fazer discretas mudanças que em breve poderão ser notadas no site e outras no formato dos encontros. Logo teremos mais atualizações das avaliações dos locais por nós visitados, e esperamos com isso ajudar na escolha de quem aprecia um bom café em um lugar agradável em nossa cidade.

Esperamos que apreciem os textos e que eles incentivem a leitura dessas obras que temos elegido. Pegue seu lugar, e dê um gole!

Próximo encontro: Dia: 09/04/11
Tema: Cinema
Livro: O Clube da Felicidade e da Sorte
Indicação: Bárbara

segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu ainda não havia lido uma obra de Virgínia Woolf. O pouco que sabia a respeito dela, soube através do filme 'As horas'. Era aquela Virgínia, interpretada com maestria por Nicole Kidman, que eu conhecia e que me vinha em mente quando ouvia seu nome. Com a indicação, veio a oportunidade de aprofundar-me na vida desse ícone da literatura inglesa. Agora entendo porque minha professora de literatura inglesa optou por descartá-la de nossas aulas - e não me refiro aqui a não importância da autora, acreditem - talvez ela tivesse trabalho demais nas discussões. Uma casa assombrada é um livro de contos publicado postumamente pela marido de Virgínia, o editor Leonardo Woolf. O título é bem coerente com a obra. Quem ousar lê-lo verá que mente e obra de Virgínia são escuras e desconhecidas, bem parecida com uma casa assombrada mesmo. Sua narrativa não é linear, seus personagens são (d)tensos e seu tempo psicológico. Certamente não deveríamos esperar algo bem sincronizado de alguém que teve uma mente tão tumultuada. Os textos me passaram a sensação de que foram colocados no papel para externar a ânsia de uma mente cheia de influências. Talvez ela tenha tido uma vida mais complexa do que nossa inteligência consegue alcançar. E agora a admiro pela vida e pela obra. Mesmo sendo necessária três ou mais leituras.rs Uma personagem recorrente em seus contos é a famosa Mrs. Dalloway. E esta dá título a um romance publicado por Virgínia em 1925. Para mim, ela é a representação da mulher que Woolf desejava ser, ou melhor, que era, sempre que ela atuava em suas histórias. Voltando aos contos, gostei de muitos e teria uma citação de cada um para registrar aqui, mas deixarei uma do conto 'Um resumo', sem justificativas. "Tímida como era, porém, e quase incapaz de dizer alguma coisa quando apresentada inesperadamente a alguém, ela que era essencialmente humilde, nutria uma forte admiração pelas pessoas. Sê-las seria maravilhoso, mas estava condenada a ser ela mesma, e com aquele jeito entusiático e silencioso, não podia mais que aplaudir a sociedade humana da qual fora excluída." (V. Woolf)

quarta-feira, 2 de março de 2011

No fluxo de Virginia Woolf

Foto: Manuela Lins

O primeiro conto que li de Virginia Woolf foi Lappin e Lapinova e amei! Achei extraordinário como ela falou sobre amor, cumplicidade e sobre a instituição do casamento.

Porém, quando li os outros contos, me senti desnorteada, perdida, sem rumo...

O fluxo mental de Virginia é confuso, como podemos imaginar que eram os seus pensamentos.

A obra é excelente e instigadora, desafiante e interessante.

O rio caudaloso do pensamento de Virginia desemboca em vários afluentes que nos levam para longe do tema central e depois volta, mergulha fundo no rio outrora abandonado.
Assim são diversos contos, principalmente A Marca na Parede.

UMA VIAGEM PELA PENA ASSOMBRADA DE VIRGÍNIA WOOLF

Me assustei muito com Uma Casa Assombrada. Me percebendo sentir o temor que a falta de alguma obviedade (mesmo sentimento de quando comecei ler Lígia Fagundes Teles) me traz, segui firme adiante. Era como se cada página fosse uma batalha e ao virá-la eu pensava: meu Deus o que ela (Virgínia) traz pela frente?

Consegui ler todos os contos. Ao todo 21. E fiquei muito feliz por ter vencido meus medos de trafegar com aquela mente inquietante pela avenida das suas idéias. E que idéias! Quantas vivências, quanta sensibilidade...

Tem muita peculiaridade na escrita dela. A sua apreensão de mundo me cativou profundamente. Cada detalhe descritivo era levado em consideração com uma admiração muito sincera, a meu ver. Não se trata das descrições cansativas de alguns autores, mas sim de toda uma significação de importância impressa, que havia no simples fato de ela registrar algo ou alguma coisa.

Me perguntei em vários contos se não havia ali, algum grau de contaminação da escrita com a inquietude mental e da labilidade emocional, que é historicamente registrada acerca da personalidade de Virgínia. Acho que a resposta foi sim, há muita contaminação. Há contos que pra mim foram literalmente incompreensíveis. Nesses casos não aconteceu de não ter conseguido ler nas entrelinhas. Pra mim, as linhas e entrelinhas eram indecifráveis.

Gosto quando um autor me desafia assim. A persistência de ter avançado pra mim foi um prêmio. E o melhor é saber que ganhei muito por ter lido contos excelentes como Lappin e Lapinova, O Legado e Unidos e Separados.

“Encarar a vida pela frente... Sempre... Encarar a vida pela frente, e vê-la como ela é... Por fim, entendê-la e amá-la pelo que ela é... E depois deixá-la seguir... Sempre os anos entre nós, sempre os anos... Sempre o amor... Sempre a razão... Sempre o tempo... Sempre... As horas.” Virginia Woolf

Oficina do Café e calor

Convenhamos que escolher um café na Rosa e Silva em dia de jogo do Náutico não foi a escolha mais acertada (assumo). Apesar da alegria de mais uma vitória do Timbu (2x0 contra o Araripina), o trânsito enfrentado não foi nada animador. Não sei se o calor era da torcida, o fato é que o local escolhido (novamente minha culpa) não favoreceu um encontro tranquilo e confortável, considerando a temperatura e pouco espaço do local. Iniciamos a reunião com certo atraso, e concordamos em sermos objetivas em nossas pontuações.
A obra desta quinzena foi Uma Casa Assombrada e Outros Contos, da escritora inglesa Virginia Woolf. O livro é uma coletânea de contos da autora (alguns com publicação póstuma) e organizada por seu marido. Cada integrante trouxe suas leituras e impressões sobre o estilo da autora, e todas concluíram que o hermetismo e o fluxo de consciência são características fortemente impressas em alguns desses contos. Mesmo diante da dificuldade (aqui falo por mim) para entender pontos de seu trabalho, concordamos sobre a importância de visitarmos escritores e obras de indiscutível relevância para a literatura, como é o caso de Woolf.
Próximo encontro: Dia: 12/03/11
Tema: Literatura
Livro: A Felicidade Conjugal, de Leon Tolstói
Indicação: Ana Carla

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

É na simplicidade do caminho. . .


. . . que caminhamos pelo labirinto textual criado por Lygia. Sua narrativa nos conduz pela estrada sem nos perder, e nos instiga sem saciar nossa ansiedade por completo.
      Os leitores de 'Antes do baile verde' são, de certo modo, co-autores da obra. Lygia nos pega pela mão, mas vai aonde nossa imaginação permitir.

Delicioso passeio!! 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Antes de Lygia...


Antes de Lygia,

raramente, tinha lido e me visto em contos...
esporadicamente, tinha não entendido e gostado...
não muito frequentemente, tinha entendido e gostado...
dificilmente, me identificará com tanta peculiaridade...
pouquíssimas vezes, tinha me emocionado ao lembrar...

eu NUNCA tive tanta certeza de que é possível.

Antes do Baile Verde é um livro extraordinário.

Pontuo os contos: As pérolas e Natal na Barca

"Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E e sentia bem naquela solidão."

Foto: Manuela Lins

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

UM BAILE COM LYGIA: COLORIDOS PRA TODOS OS GOSTOS


Lygia Fagundes Telles: que escritora! Não é a toa que é membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa. Surpreendeu-me de fato.

Antes do Baile Verde é um grande livro. Me vi navegando em mares tortuosos e nunca navegados. Me vi limitada com meus desejos de conclusões, com meu apego à lógica, com minha saudosa intuição buscando o óbvio que não vinha. Enfim, desbravar as barreiras literárias tem sido o melhor desses cafés. E com Lígia, foi uma aventura adentrar nesse universo de dezoito contos com ópticas das mais variadas. Eu perguntava e ela dizia não. Eu mapeava possibilidades e ela embaralhava meu cérebro. Eu quis desistir e ela contava com graciosidade e não fui capaz de parar (ainda bem).

A Chave foi o que mais me fascinou, mas me surpreendi muito também com Venha ver o pôr do sol, Eu era mudo e só e com O menino. Me emocionei com Natal na barca. E gostei muito da retratação da relação de A ceia.

Um belo livro. Sem dúvida uma grande autora.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O CALEIDOSCÓPIO DE LYGIA

Lygia Fagundes Telles não escreve, simplesmente. Ela nos coloca diante de um absoluto desconhecido com situações do cotidiano. A autora conta de forma totalmente diversa, oblíqua e surpreendente os fatos comuns da vida. Geralmente são fatos que estão ali, bem diante do nosso nariz e nós só enxergamos como eles são na aparência. Mas a aparência é só o pretexto, só o pano de fundo que Lygia usa para levantar outras questões, profundas questões que nos apanham de surpresa quando descobrimos suas segundas intenções.
 
Lygia revolve a poeira psicológica que move essas questões. Mostra-nos o lado B das coisas. Mostra-nos o que não poderíamos ver senão através dos seus olhos. E os de Lygia enxergam maravilhas na simplicidade inofensiva da rotina, eles enxergam os escaninhos da alma humana. Lygia diz sem dizer, levando-nos a trazer para nosso íntimo todo o significado do dito que é sugerido nos seus contos. Como alguém pode ser tão perceptiva a ponto de transformar o trivial num pequeno caleidoscópio com lógica?

Cada conto do seu "Antes do Baile Verde" nos remete a uma gama de interpretações, de possibilidades. Basta ter olhos de ver com os olhos de Lygia. Ler "Antes do Baile verde" é, antes de tudo, permitir-se entrar em um labirinto cujo fio condutor é regido pela sensibilidade. Não nos perdemos nesse labirinto. Ao contrário, nos achamos. Ou melhor, somos achados. Achados por Lygia, pelo seu "ron-ron-ron" aparentemente despretensioso, como diz um estudioso da sua obra. E nesse processo de busca de significados nos seus contos ficamos estupefatos com o que podemos descobrir de nós mesmos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

BAILE VERDE NO PORTEÑO

O Grupo Café com Leitura precisou ser muito coerente no último sábado para não cometer injustiças ao ressaltar a riqueza literária dos contos reunidos em "Antes do Baile Verde", de Lygia Fagundes Telles. Glenda, Ana e Leusa reuniram-se no último sábado, dia 05, no Café Porteño, nos Aflitos, para realizar o que poderia ser comparado a um desafio à Medusa: analisar uma das obras de uma das escritoras mais consagradas da literatura brasileira. Conseguiram sair mais embevecidas ainda diante da clareza não-dita e surpreendente dos contos da autora.
As interpretações que as integrantes do grupo trocaram sobre os dezoito contos reunidos no livro foram singulares. Cada uma viveu a própria experiência arrebatadora de ser conduzida por Lygia nas histórias aparentemente corriqueiras. Aparentemente porque Lygia, nas linhas e entrelinhas do seu texto, sabe como nos conduzir ao fantástico mundo da imaginação, da nossa e da dela. Diante de "Antes do Baile Verde" não basta ler, mas sim exercer uma outra ação mais intimista com o texto. Relação essa que você também terá com certeza caso se permita ser guiada ou guiado pelas mãos de Lygia.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

DUAS MENINAS E UM AMOR


Karina Dias de fato me prendeu a atenção em uma leitura dinâmica de cerca de sete horas. Uma tarde pós trabalho, uma rede na varanda e um copo com água foram meus companheiros nessa aventura.

De fato a revisão, ou talvez a falta de revisão da editora Malagueta, chegaram a me irritar. Os erros de ortografia e de gramática chegaram a me tirar do sério. Não gosto de trabalhos mal feitos nesse sentido. Até porque, ao comprarmos um livros pagamos por um serviço (criatividade e transpiração do(a) autor(a), qualidade do papel, do designe, a revisão e por aí vai) e nesse caso faltou o trabalho do revisor.

Voltando ao trabalho de Karina Dias, reitero que o título me cativou durante as cerca de sete horas de leitura. Ela vai narrando e você vai viajando na trama, querendo devorar cada página pra saber da seguinte.

O formato de capítulos alternados de escritas com perspectivas de ambas protagonistas é uma pimentinha que ajuda a leitura a não ficar enfadonha.

Na verdade houve alguns momentos em que a leitura ficava um pouco monótona, com diálogos que aparentemente, se subtraídos não deixariam a trama com menor sabor.

Senti falta, obviamente, daquela perspectiva filosófica de alguns títulos, onde adentrando no espaço interior dos protagonistas, os autores filosofam e apimentam a leitura com perspectivas de mundo diferenciadas e mais ou menos profundas. Karina de certa forma não adentra nessa perspectiva (talvez intencionalmente) se limitando ao óbvio, ao mais superficial.

Eu particularmente fiquei atraída pela temática. Um romance de temática homossexual, que até pouco tempo eu pouco conhecia. Pra mim ainda é uma nova realidade na qual eu estou tateando.

Duas meninas. Duas realidades substancialmente díspares. Da monotonia de uma rotina ao perigo de uma vida de prostituta de infância traumática.

Achei fantástica a persistência de Duda. Acho que por contrastar e muito com a minha realidade de pouca disposição pra grandes desafios. Enfim, é uma história de amor. Gostei da abordagem social da realidade da família de Duda, da naturalidade com a qual a condição de homossexual dela, é aceita no seio familiar pelos irmãos, cunhada e especialmente pela mãe.

Espero que seja uma tendência essa temática se expandir na literatura, no entendimento de que nossa sociedade deve avançar rumo ao fim do preconceito e ao respeito ao amor em todas as suas formas.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Muita criatividade

Com diversos contos publicados na internet, Karina Dias é um poço de criatividade.
Indubitávelmente.
Como se fosse uma amiga nos contando um causo, ela prende a atenção dos leitores. É esse o seu propósito, acredito. E ela o executa com maestria.

O mote é muito interessante, mas essa sensação de estar ouvindo uma fofoca não me atraiu.
Mas eu sou problemática, não ela.
Muitos gostam.
Até escuto as histórias dos seus contos com interesse, mas na hora da leitura, algo falta. É um texto com muitas marcas de oralidade, ótimo para ser ouvido.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Todo ponto de vista é a vista de um ponto" [L.Boff]


Se eu encontrasse o livro solto em uma livraria ou biblioteca, não leria.
Mas se uma amiga super entusiasmada com a trama me indica, eu leio.
Se me apegasse a edição, a revisão, a técnica, desistiria nos primeiros parágrafos.
Porém, se me apego ao tema, ignoro todo o resto.
Se o comparasse aos clássicos literários, nem insistiria.
Entretanto se distâncio o preconceito inato, leio como quem acompanha novela.
Se crio expectativas, me frusto.
No entanto, se deixo-me seduzir pela criatividade da autora, me delicio.
Para cada justificativa que quiser usar para ler, assistir, ouvir ou criar uma obra, encontrarei argumentos.
Creio que essa não é a proposta da arte. Não só da arte, mas também daquilo que passa longe de sê-la. As criaçõess devem ser vividas, experimentadas e ponto. Até para criticar é preciso conhecer, não é mesmo? É digno dizer que gosto ou não gosto de algo, mas daí a dizer se serve ou não serve é outra história. Mas não pretendo seguir esse caminho rumo à filosofia.
O fato é que o romance entre Duda, Gaby e Samantha é quente e instigante. Até o ser mais preguiçoso ler em menos de uma semana. Não só por tratar-se de um romance entre mulheres, mas também pela criatividade contida na história.  E isso torna a homossexualidade apenas um detalhe, diante de dramas bem mais relevantes vividos pelas personagens. Dramas que não são privilégios dos homossexuais vivê-los, afinal, qualquer ser vivo, exceto os vegetais, está suscetível ao amor e/ou à ausência dele.
Então, durante a fase de 'Aquele dia junto ao mar', ficou a reflexão: Se a cada passo dado eu pensar no que o outro irá pensar a respeito, eu estagno.
Contudo se sou fiel aos princípios que eu reproduzo em bom tom, vida a fora, eu publico, leio, comento e recomendo.
Desprenda-se e aproveite!  

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A HORA DELAS

A história de Duda e Gaby precisa ser lida com a emoção. A razão só vai atrapalhar, garanto. Primeiro porque você não lê exatamente, mas devora. Segundo porque você também pode apreciar com mais calma, como se estivesse sorvendo o prazer que dá fazer amor com quem se ama. É incrível como Duda e Gaby fazem amor. E não estou falando quando a coisa já chega nos finalmentes (que são deliciosos, diga-se de passagem). Estou me referindo, principalmente, ao contato verbal, às insistências de Duda, aos desdenhos tão magneticamente bem fingidos de Gaby. Isso tudo faz parte do “fazer amor” dessas duas personagens.

Ler “Aquele dia junto ao mar” é sentir em universo ideal a realidade do bom relacionamento entre mulheres. O desejo, a paixão, a entrega, o amor. Tudo isso junto dá uma confusão danada na nossa vida. Confusão boa quando tudo termina bem. Mas até terminar ambas são colocadas em muitas provas. Duda experimenta a prova da insistência e a chatice de ser rejeitada pela mulher que ama. Gaby prova, com a insistência de Duda, a vida doce que teria ao lado dela. Mas, quando olha para o seu então presente, o sabor amargo dos seus dias toma-lhe novamente o paladar. É difícil.

Essas garotas precisam de forças. Forças para suportar os caminhos tortuosos que vão dar você vai ver onde. Forças para rever conceitos, tomar atitudes e também se resignar quando o melhor a fazer é não fazer nada. Essa é a grande mensagem do livro. Não desistir, mas também saber esperar. E muitas vezes a vitória só vem quando a gente aprende que é preciso aprender a esperar. A hora certa sempre chega e quase sempre não se guia pelo relógio da nossa vontade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Amores instantâneos

Parece que quando atração, mistério, tesão, paixão e encanto se misturam com um certo ingrediente mágico o amor aparece.

E não adianta o que aconteça, os olhos cegam para as dificuldades e até a realidade cruel passa a ser ignorada com o intuito único de fazer o amor vencer. Ao menos é assim na ficção, onde quase sempre o casal principal supera todos os obstáculos pra ficar junto no final.

Até porque, quem vai querer destruir as ilusões dos leitores mais românticos?

Karina Dias que não!
(ou sim? só lendo 'Aquele dia junto ao mar' pra descobrir.)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

NO CASTIGLIANI, COM PIPOCA

Uma jovem se apaixona por uma garota de programa, que nunca se imaginou antes tendo um romance com uma mulher. Depois de muitas intempéries, finalmente o relacionamento dá certo e elas ficam juntas. Esse é mote para uma história de amor que norteia o livro discutido no encontro do Grupo Café com Leitura: “Aquele dia junto ao mar”, de Karina Dias. A reunião aconteceu no Castigliani, na Fundaj, Derby, local palco do primeiro encontro do grupo. Ano novo, café velho (no bom sentido), como disse Anna Flávia.

Opiniões diversas para uma obra que não deixou que suas críticas leitoras desgrudassem do livro em paz até terminarem de apreciar todos os capítulos. Digo a maioria porque há contradições, e ainda bem que elas existem. Ficou uma pergunta no ar: apreciamos a história porque se trata de um tema lésbico ou porque a história é boa, instigante? Claro que não conseguimos chegar a um denominador comum, graças a Deus, mas num ponto todas concordaram: a autora é criativa e tem fôlego.

Mas e a pipoca, onde é que fica? A pipoca não entrou nessa história, mas sim na do filme “Como esquecer”, protagonizado pela atriz Ana Paula Arósio. A sala de cinema da Fundaj lotou e teve até quem sentou-se no chão para ver a história de três pessoas que trilham caminhos diferentes para “esquecer” ou “renascer” o amor. Tanto o elenco do filme quanto o da plateia estavam à altura. Noite especial. E o Café com Leitura não poderia perder essa estreia. Filme denso, inquietante e provocador.

Ah! E sobre o livro, aguardem os posts, que devem ser tão interessantes quanto diversos entre si!

Próximo encontro:
Dia: 22/01/11
Tema: Literatura
Livro: Antes do baile verde, de Lygia Fagundes Telles
Indicação: Leusa Santos