sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma herança subestimada

Imagem: Google
O Brasil nasceu da nada amigável união entre a mãe África e o pai Portugal. O português foi pró-ativo, determinado. Pegou o primeiro bote e veio fazer fortuna do lado de cá. E, como não daria conta de tudo sozinho, optou pela mão-de-obra barata dos africanos. Obrigou nossa mãe a trabalhar em regime escravo em prol do benefício Português. Relação desequilibrada e desleal, que deixou ao nosso país uma herança de visão limitada e, por que não dizer burra, sobre a mãe que nos amamentou.
Não podemos negar a relevância das navegações, das 'descobertas', dos investimentos. Houve seu mérito. Porém, não devemos anular a contribuição dos que derramaram suor e sangue para que o Brasil chegasse onde está.
Estamos atrasados do horário de tirar a venda dos nossos olhos e entender que o continente africano não era nem é composto por países miseráveis e por escravos; enxergar que maior quantidade de melanina não significa inferioridade diante dos demais. Precisamos retirar os resquícios de uma visão de 500 anos atrás onde o homem, pelo simples fato de ser negro, era violentado nos aspectos físicos, sociais, culturais e carrega até os dias de hoje essa violência e esse sentimento de inferioridade.
Ainda há dúvida, medo e vergonha em algumas pessoas de admitirem sua descendência. As religiões africanas ainda são vistas como algo exótico e/ou engraçado. Às vezes, vira um hobby momentâneo. A cultura africana, muitas vezes vivenciada nas escolas, nos bairros, é tomada como algo brasileiro por simples falta de conhecimento dessa rica influência em nosso país.
Enfim, ainda há muitas barreiras para serem rompidas. Para isso existem as cotas (não entrarei no mérito), as leis obrigando o estudo da influência africana nas escolas e outras leis punindo atitudes racistas. Não é assim que funciona com a gente? Antes de curarmos a doença usamos uns paliativos. Um dia a cor da nossa pele será apenas um detalhe diante da complexidade do ser.