O livro estava na minha estante há pelo menos três anos. Quando minha amiga me entregou, disse apenas: leia, você vai gostar. Protelei o quanto pude porque, na verdade, não botei fé no que ela falou. Folheei e joguei-o para o fim da fila.
Com a indicação para o café, pude, finalmente, constatar as palavras dela. Eu não só gostei da história, como me identifiquei com o protagonista em algumas situações.
Por que nossas reações devem ser convencionadas? Por que temos que chorar em determinados momentos e sorrir em outros? Existe lei que nos obrigue a sermos iguais?
Meursault era uma cara que só queria viver e pronto. Não almejava nada além disso. E, de fato, a vida não precisa tornar-se essa guerra de ação e reação na velocidade da luz que a sociedade nos exige. Que tal dançarmos uma valsa e não um rock?!
Você pode colocar sua mãe num asilo. Você pode não chorar no enterro dela. Você pode não ser apegado ao trabalho, as pessoas, ao dinheiro. Você pode ser estranho!Cada um tem um tempo, uma vontade e uma forma de expressar, caso queira ou não. E quando a falta de vontade é tão natural dá gosto.
Você pode colocar sua mãe num asilo. Você pode não chorar no enterro dela. Você pode não ser apegado ao trabalho, as pessoas, ao dinheiro. Você pode ser estranho!Cada um tem um tempo, uma vontade e uma forma de expressar, caso queira ou não. E quando a falta de vontade é tão natural dá gosto.
Meursalt pode significar, para alguns, a frieza em pessoa, para mim, ele foi ele, simplesmente. Não havia uma preocupação em ser algo ou alguém. Havia apenas ele e o tempo. Este passando e aquele distraindo-se enquanto isso ocorria. Desse modo, reagindo apenas ao presente, quando inevitável (porque se pudesse evitar, faria), ele foi preso julgado e condenado a morte.
Nesse período entre a prisão e a condenação fiquei na expectativa (na minha lesa visão hollywoodiana das histórias) de uma possível mudança brusca de comportamento, afinal, sua vida estava em jogo. Mas ele foi, surpreendentemente, ainda mais estrangeiro, ainda mais livre. Era um cara muito consciente, mas não sentia obrigação de dividir.