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Franck Pierre foi implacável, pragmático e muito feliz ao filosofar de maneira coerente e serena sobre o tema. Sem pestanejar, ao final do texto, eu tinha chegado a uma conclusão sólida e facilmente perceptível aos meus olhos: no Brasil não se dá importância ao continente africano e as suas populações no que tange o processo histórico de formação da sociedade brasileira.
Na escola aprendemos todos nós, além de que a minhoca é hermafrodita e sobre a tênia solitária, que o Brasil tem uma pátria mãe. E essa é Portugal.
Mas franck Pierre foi longe e conseguiu discutir as implicações, do ponto de vista político, identitário e pedagógico, ligadas à discussão sobre o lugar da África na análise da sociedade brasileira.
Nossa pátria mãe então, apesar da não menos rica cultura e linda língua que nos deixou de herança, temos de relembrar: entrou sem ordem nas terras de cá, vindos das bandas de lá do Atlântico; ignorou os que aqui moravam (tupis guaranis, macro-jês, tapuias, arauaques, caraíbas...), não apenas escravizando, como oprimindo, estuprando, mudando costumes e violentando a cultura e a religião. Mas
Não satisfeitos (nossos pais portugueses) com os “prequiçosos indiozinhos” que não entendendo o porquê do dever de trabalhar para brancos recém-chegados, se negavam ao atendimento das ordens brancas, a alternativa foi trazer os negros africanos para essa etapa da “implantação” da civilização na terra do pau Brasil.
É engraçado, a imagem que vem a cabeça: centenas de navios, cruzando os mares com homens e mulheres negros. E ponto. Não quero me culpar por essa imagem, mas é com ressentimentos que vejo o quanto minimizei por anos o assunto.
Naqueles navios, como lembrou Franck Pierre, vinham africanos de diferentes camadas sociais, sacerdotes, guerreiros, reis, pastores, que tinham religiões diversas, procediam das mais diferentes regiões e culturas, inclusive muitos pertencentes a grupos rivais.
Todos violentamente retirados de seu mundo, de suas culturas, de seus cantos, de suas pátria, de suas famílias, pra virem pra uma terra distante, carregados como animais, dentro de porões de navios sujos, passando sede, frio e fome. Suscetíveis a doenças de todas as espécies, tentando sobreviver aos meses de viagem pro “novo mundo”.
Meu Deus... essa é a nossa história.
Mas quem são nossos pais? Os que “descobriram” uma terra já descoberta e habitada por milhares de moradores? Que passaram pelo atlântico em busca de riquezas pra pagamento de suas dívidas e enriquecimento de sua nobreza? Os milhares de nativos que já resisdam em terras brasileiras? Ou os donos dos braços que literalmente ergueram a estrutura “civilizatória” dessa terra?
Tirem suas conclusões... eu já tenho as minhas.
Pra mim somos filhos miscigenados de múltiplas raças e culturas. Temos valiosos genes felizes de gente branca européia, de índios nativos da nossa pátria e de nobres negros africanos. Somos gente rica de valores, produto de um cruzamento genético muito feliz que deu origem a esse povo maravilhoso que somos nós, os negros-índios-brancos brasileiros!
Uma lástima é nossa educação. Uma lástima é o valor dado ao nosso minimizado passado negro e índio. Uma lástima é o preconceito que existe dentro de cada um de nós. Uma lástima é o entendimento deturpado e ignorante que aprendemos desde a mais tenra idade.
Hoje o cidadão brasileiro negro, continua segregado (ache ruim, ler isso quem quiser), mas continua. E não sou eu quem digo isso, são os fatos, os números, a realidade!!
Hoje, poucos negros conseguem chegar ao ensino superior. Antes de 2004, quando as cotas foram estabelecidas na Universidade Federal da Bahia, por exemplo, apenas 4% dos alunos do curso de Medicina eram negros, enquanto que, no estado, 70% da população se declarava negra. Era uma exclusão que não se vê igual nem na África do Sul, durante o Apartheid.
Os brasileiros precisam encarar a questão da desigualdade sob o ponto de vista racial. Até 1970, 90% dos negros eram analfabetos, porque, após a abolição da escravidão, o Estado abandonou os negros, ao contrário do que fez com os imigrantes, que foram financiados pelo governo para virem para o Brasil.
Certamente que a real saída é a educação pública de qualidade, com políticas sociais que minimizem as diferenças, mas as políticas temporárias de ações afirmativas como as instituições de cotas raciais, que diminuem a grande distância que ainda existe entre brancos e negros no país, são ao meu ver fundamentais.
O Brasil tem uma dívida histórica com os negros e já passou da hora de o governo federal, encarar isso de frente, enfrentar os preconceitos e as distorções dos discursos e corrigir minimamente esse saldo histórico. Gilberto Freyre disse que ninguém liberta ninguém e ninguém se liberta sozinho. A gente só se liberta pela comunhão. E ele estava certo!
Vou respeitar muito quem falar da constituição, de quem levantar a questão genética de que somos todos negros, etc, etc, etc, mas como o tema foi levantado na mesa, registro meu total apoio a política de cotas raciais. No entendimento de que a dívida histórica de séculos de abandono aos negros,vai demorar muito pra ser paga.
E quanto às distorções... justificar que a política de cotas as alimenta, é justificar que o Bolsa família deve deixar de matar a fome de muita gente miserável, pelo fato de existirem muitos malandros e mal elementos, que sem necessitar, recebem o auxílio. O problema não é do programa, da teoria e sim da prática criminosa de quem deturpa o sistema. Não dá pra ser contra cotas, por esse argumento. As distorções devem ser corrigidas. Sei que tem sangue negro correndo em minhas veias e nas veias de cada brasileiro (e burro é alguém se achar branco em nosso país), mas acho que todo mundo tem elementos mínimos pra entender que se os genes que predominaram na determinação de sua cor, forem os genes que determinarem sua cor negra, as chances de você ter menos chances, são inúmeras. Não adianta negar.
Viva José do Patrocínio, João Alfredo, Zumbi dos Palmares, Princesa Isabel, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, André Rebouças, Luíz Gama, Antonio Bento e todos os outros milhares de abolicionistas anônimos que combateram a seu tempo, com entendimento 'são' e avançado, o direito dos negros serem seres humanos, como sempre foram. Aos grandes homens e mulheres que numa época atrasada e hostil, enfrentaram o sistema, não se acomodaram, não se subjugaram, não foram convencidos pelos discursos hipócritas de uma maioria inescrupulosa que por séculos conseguiu convencer, os míopes que se recusavam a pensar.
Viva os negros de nossa pátria mãe gentil. Que essa pátria também seja mãe gentil de cada cidadão negro do país. Que a eqüidade seja lembrada como uma necessária borracha corretiva. Que no futuro consigamos nos ver como iguais (como todos somos) e que as cotas, estejam apenas nos livros didáticos, lembradas apenas como remédio temporário que ajudou pra que nesse país, os brasileiros conseguissem se ver como iguais e terem as mesmas oportunidades, independente de cor.
BRASILEIROS:FILHOS INGRATOS DE UMA "MÃE PRETA"? Acho que tá na hora mudarmos essa história.
7 comentários:
Um dia todos entenderão que somos todos iguais, creio nisso!
Acredito fortemente nisso Manu.
Devemos imprimir todo esforço possível pra que isso seja possível em tempos não tão futuros, mas em um tempo breve.
Excelente texto Floflys! Uma reflexão sobre conceitos anteriormente "implantados" nos permite um bom começo de mudança. Beijos!!!
Valeu Vi :*
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