quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"O POETA É A PIMENTA DO PLANETA"

Imagem: Google
Pra mim... muito prazeroso (re) ler Bandeira. Velhas recordações do meu tempo de colegial 1
Não sei se se tratava de mera coincidência, ou se era realmente preferência da professora de literatura, mas lembro como ela gostava de analisar os poemas de Manoel Bandeira!
E nesta época de Café com Leitura, tentando também sair da rota do circuito e alternativizar estilos, tentando privilegiar um autor pernambucano... só veio Bandeira na cabeça e quando lembrei da deixa de Adriana, a Calcanhoto... então, não pestanejei: é ele mesmo. E lá foi minha indicação!
Ele fazia versos como quem chorava...
Seu verso era sangue, volúpia ardente, tristeza esparsa, remorso vão, angústia rouca...
Eram versos comovidos...
Ele imaginava que quem os lesse, encontraria nos mesmos uma sombra de beleza...
Era assim que ele falava da própria poesia.
Quanto a mim, ouso falar: A Cinza das horas é um livro gostoso de ler. Poesias ortodoxas, bem trabalhadas metricamente, com variações de construção e sempre com elas: as rimas. Na verdade, não tenho muito contra elas, porque aprecio a ousadia de conseguir dizer o que se dizia, com o capricho das rimas, de maneira metricamente impecáveis.
Bandeira fala da própria escrita, louva Camões, aprecia a natureza (e muito: lua, tardes, horizontes, paisagens...), lembra da infância, da família (mãe, irmã, avô...) fala de amor de paixão, da beleza, de tristeza, de morte, de dor, de alegria...
Senti falta de um olhar mais politizado, mas pra um burguês que era... parece que ele dançava a dança do seu centrismo. É claro que não vou desqualificar a sua poesia por conta disso... é apenas uma constatação. Visto que tenho forte tendência a louvar o que não sei (nem de longe) fazer (tão) bem.
Engraçada uma constatação coletiva: como a leitura do livro é cinza! Vem versos, mudam perspectivas e temas, mas a maioria dos poemas são cinzas. As imagens mentais que vêm, são cinzas... Algum psicólogo pra ajudar? Como é que ele fez isso?
“Tudo que amamos são pedaços vivos do nosso próprio ser”
(A vida assim nos afeiçoa, p.25-26)
1 Ensino médio no meu tempo.

5 comentários:

Leusa Santos disse...

Análise perfeita!

Ana disse...

Valeu Leusa!
Sentindo falta de você por aqui...
Abraço!

Anna Flávia disse...

Concordo com Leusa!

Glenda Carla disse...

Disse tudo e disse bonito!

Ana disse...

Valeu Anna e Glenda.