terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Longe de lá

Na Argélia o protagonista Mersault recebe um telegrama, com o comunicando do falecimento de sua mãe, que então morava em um asilo. Ele comparece ao funeral, entretanto sem expressar nenhuma emoção digna de nota, não chega a se comover pelo falecimento de sua genitora.

Na seqüência do romance o que se passa é uma narração de sua vida: sua amizade com um dos seus vizinhos, Raymond Sintès; seu namoro com Marie, uma antiga colega de trabalho; seu cotidiano no trabalho; suas atividades de lazer... sempre com uma aparente marasmática tonalidade deja vu, na narrativa que é feita sempre feita em primeira pessoa.

Um dia, após uma confusão em que seu vizinho Raymond sai ferido, em um uma fração de minuto rapidamente confundido pela luz e calor do sol forte, Meursault se equivoca na leitura de um possível risco que corre, e mata um árabe, que havia ferido o amigo anteriormente.

O restante da trama trata da prisão e julgamento de Meursault, que entre suas peculiares lembranças de sua vida pregressa e sua adaptação à nova realidade na prisão, nos leva a uma viagem acerca de sua aparente apatia perante à vida.

O julgamento é marcado pelo equívoco. O protagonista praticamente não é julgado pelo crime. A tese da acusação é sustentada insistentemente pela ausência de emoção de Mersault quando da morte da mãe. É a defesa de um modo padrão de ações/emoções esperadas. O objeto do julgamento perde o motivo de ser. Mersault é enfim condenado.

Um incômodo paulatinamente me acometeu durante a leitura ao lidar com a indiferença contínua do protagonista. Que aparentemente em nada se afeta diante dos fatos da vida. Em poucas passagens do livro, algo próximo de emoção é posta. No mais a narrativa é fria. O que aquece o leitor (meu caso), exatamente é a inquietação própria da abstinência viciosa de quem em muito ainda está contaminada pela dinâmica hollywoodiana e fica na espera de uma reviravoltas em um romance que já estava posto, de uma emoção que já existia desde sempre.

Era como se para Meursault, se sujeitar a qualquer regra social fosse um sacrifício que não valesse a pena. Era como se o seu viver tivesse um valor diferente. Em alguns momentos era como se ele fosse um estrangeiro, vendo a si próprio, de fora, diante do desenrolar de sua própria vida, longe de lá...

O livro é a mais famosa obra do autor. Instigante... deu vontade de ler os demais!

7 comentários:

lagarta disse...

O valor diferente desse viver, desapegado e insubmisso às convenções sociais é, talvez, a maior denúncia dos absurdos tantos a que somos submetidos, e nos permitimos submeter. Excelente percepção, Dona Ana!

Glenda Carla disse...

E como é sacrificante ter que se enquadrar! Excelente texto!

Glenda Carla disse...

E como é sacrificante ter que se enquadrar! Excelente texto!

Glenda Carla disse...

E como é sacrificante ter que se enquadrar! Excelente texto!

Ana disse...

valeu Csri ;)

Ana disse...

Obrigada também bichinho (lagarta, passarinho, rato... ou como se identifique agora ;)

Unknown disse...

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