sexta-feira, 20 de agosto de 2010

CINZA A COR DO AMOR?

A Estrada

Cinza: primeira palavra que vem a cabeça ao lembrar o filme. O bom desse grupo é esse cuidado que acabamos tendo que ter ao fazer as leituras ou, nesse caso, assistir aos filmes. A fotografia foi algo que me faz tirar o chapéu. As paisagens me foram muito marcantes. Cenários cinza com paisagens sem vida (mundo sem animais, vegetação próxima à extinção) muito realistas com cidades em ruínas e veículos abandonados.

Após um evento cataclísmico (não explicadas as causas), pai e filho sobrevivem (tendo o filho nascido após o evento já ter ocorrido e assim não tendo conhecido o mundo como era antes) e seguem rumo ao litoral em busca de mais calor (o mundo se tornou muito fio após a catástrofe ecológica). Durante o percurso, a dupla vai encarar todos os desafios existentes daquela realidade: frio, ausência de comida e o maior deles: a fuga do canibalismo, um mal decorrente daquela realidade de extinção dos recursos naturais (animais e vegetais).

O filme faz refletir, inevitavelmente. Primeiro, pra quê continuar existindo nessa (sem?) perspectiva? Qual o objetivo de seguir adiante?

Na tragetória do filme, os encontros me chamaram a atenção: com os canibais, o velho e o ladrão. Canibalismo trazendo o retrato do limite humano de sociabilidade. Humanos comendo humanos, matando humanos, armazenando humanos como comida...

No encontro com o velho, a reflexão sobre a importância dada aos idosos (isso vale pra nossa realidade), naquele cenário de avaliação cotidiana, dos desafios pra sobreviver, me chama a atenção a perspectiva do olhar do menino, que desprovido da racionalidade adulta da programação de provimento, se desnuda de qualquer avaliação futura (poderia-se dizer imaturidade e falta de visão) e traz a tona (pra mim foi essa a intenção do autor) a reflexão sobre as possibilidade de os valores e a importância do ser humano, serem levados em consideração, naquele mundo.

Essa perspectiva se repete na cena do ladrão. O pai, já no seu limite, preocupado com o estado de saúde agravado, com a possibilidade de deixar o filho sozinho no mundo, se vendo com todo seu provimento roubado, ao reaver seus pertences, amedrontado e revoltado, não tem condições de perdoar o ladrão deixando-o sem nada (nu mesmo). O menino mais uma vez interfere e dá a oportunidade ao pai de experimentar uma visão singular, que aparentemente era única daquelas paisagens.

Era como se o autor pretendesse provocar realmente essa reflexão: não tendo o menino conhecido nosso mundo (como ele é agora), mas nascido e criado naquela realidade hostil, apesar de com o amor paterno, teria ele condições de ser um menino tão ingênuo e bom? Eu não consigo acreditar que sim. Experimentando tanta fome, medo, frio e dificuldades de toda ordem (como o medo dos canibais – homens maus), não consigo acreditar que aquele estereótipo de menino fosse possível. O personagem do menino foi assim, pra mim, um mimo, um afago, um suspiro aliviante nesse filme tenso, pretensioso, instigante e bem feito.
De fato, filme bom, apesar de tudo traz no fundo, reflexão sobre amor, cuidado, perseverança e fé. Mas acabei de assisti-lo pesada, reflexiva, acinzentada. Fiquei triste com o fim, pra mim foi mal feito. Poderia ser melhor.
P.S.: Não consegui descobrir o motivo da falta do dedo polegar de alguns personagens.

10 comentários:

Glenda Carla disse...

Ótima reflexão. Linda a foto. Lindo título. Agora eu que me pergunto se existe mesmo a tal cor para o amor ou se para cada amor existe uma cor.
Bjs.

Viviane Lima disse...

Concordo com Glenda em relação a foto. É mesmo linda! Porém deixo mais uma pergunta. Não teria o(um) amor varias cores?!
Beijos.

Anna Flávia disse...

Boa, Ana!
E não por acaso o menino era como um Deus para o pai.


Beijo

Ana disse...

Glenda e Vivi, estou em conformidade com as duas. A interrogação é realmente pra gerar esse questionamento. Pra mim, nesse caso, seria cinza a cor (mas pode realmente ter várias). O menino tinha amor, vivia o amor, mesmo naquele mundo cinza.

Ana disse...

Anna, ele pra mim (o menino) foi o nome do filme. Foi quem mais mexeu comigo e me fez pensar. Apesar de achar que o autor foi tendencioso, por desenhar/criar tanta inocência e amor, entretanto, fez esse algo bacana de mexer com o imaginário de quem assistia e imaginava: como seria nunca ter visto o mundo, vivenciar tantas privações, medo e dificuldade? De fato... entendo a fala do pai, de que ele era um dDeus pra ele (como água no deserto, acalento na dor, esperança no desespero... um motivo pra seguir)

Leusa Santos disse...

Realmente, Ana, é incrível a capacidade que temos de associar as coisas às cores. Esse filme é cinza, mas um cinza "colorido", se é que se pode dizer isso. Um cinza que nos permite, entende?
`
Ótimo comentário!
E o povo, hein? Nada ainda das outras posts....

bjs
Leusa.

Ana disse...

" um cinza que nos permite" é por aí Leusa. Acho que você captou bem o sentido. A proposta da analogia do filme com a cor é que, pelo menos a mim, a palavra amor me remete quase que imediato a cores, imagens belas, cores fortes e com muita vida.E no filme, a gente sente o amor, ele é vivo naquela relação, mesmo naquele mundo cinza e sem vida. Então, coloco a mente pra fruir (sou quase Bob do fantástico mundo de Bob) e penso se aquele sentimento de amor pro menino, não seria cinza. Considerando o alheiamento dele ao nosso mundo como ele é pra nós, colorido e com vida.

Ana disse...

Ah... quase esqueci, feliz por ter gostado do texto.
E quanto ao povo e suas postagens... rsrsrsrs parece que amanhã sai algumas (pelos emails que as meninas enviaram).

Bjo

Unknown disse...

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